domingo, 27 de março de 2011

As Crônicas de Nárnia – Criticas e comentários


Influências Mitológicas:
C.S.Lewis complementou a fauna de Nárnia usando seres ficcionais da mitologia grega e mitologia nórdica, como por exemplo: centauros (mitologia grega) e anões (mitologia nórdica). Antes de escrever os livros da série, Lewis havia lido amplamente sobre Literatura Medieval Celta, que influiu ao longo de todos os livros, principalmente em A Viagem do Peregrino da Alvorada, no qual o livro sa baseia no conto immrama (pronunciado Mi-rah-vuh), no qual o conto narra a história onde os personagens principais navegam pelos mares enfrentando dificuldades e perigos para chegarem em uma ilha. No romance O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, Lewis escreve, em um trecho, que a personagem conhecida como Feiticeira Branca se passa por Filha de Eva, quando na verdade ela é descendente de Lilith. Lilith é uma personagem mitológica, que segundo as lendas sobre ela, teria sido a primeira esposa de Adão e a responsável pela aparição da serpente no Jardim do Éden; enquanto outros acreditam que ela seja a própria serpente. Ao decorrer dos livros da série, são apresentados seres mitológicos e lendários como faunos, centauros, minotauros, dríades, sereias, gigantes, dragões, duendes, pégasos, grifos, sátiros, unicórnios, animais falantes, entre outros, que são popularmente conhecidos pelo público por diversas outras séries que apresentam estes seres fantásticos.
A origem do nome "Nárnia" é incerto. Segundo o "Pul Ford's Companion to Narnia", o nome do país ficcional não é uma alusão à antiga cidade italiana de Narni, que foi conquistada em 299 a.C. e renomeada como 'Narnia'. Contudo, Lewis havia estudado clássicos em Oxford, onde possivelmente encontrou algumas referências sobre Narnia na literatura latina. Existe também a possibilidade de que Lewis estivesse referindo-se ao texto alemão de 1501 Lucy von Narnia (Lúcia de Nárnia), escrito por Ercole d'Este. Lewis havia lido este texto durante seus estudos sobre literatura medieval e renascentista. Outra provável origem, talvez, possa ser uma palavra em sindarin, uma língua desenvolvida por J. R. R. Tolkien, amigo de Lewis, onde "Narn-îa" significa algo semelhante à "profundeza dos contos".
O autor da série, C.S.Lewis, recebeu várias críticas ao longo dos anos; muitas delas por colegas autores. A maior parte delas resume-se na forma de sexismo no qual Lewis tratou a personagem Susana Pevensie no romance A Última Batalha, onde descreve que a personagem havia esquecido-se de Nárnia por causa de 'batons, náilons e convites'. A autora JK Rowling, responsável pela série Harry Potter, disse o seguinte:
Chega um ponto em que Susana, que era a garota mais velha, está esquecendo Nárnia porque ela fica interessada em batom. Ela tornou-se irreligiosa basicamente porque encontrou sua sexualidade. Tenho um grande problema com esta questão de Susana.
Philip Pullman, autor da série literária His Dark Materials, muito crítico aos livros de Lewis até ser apelidado de "Anti-Lewis", chama As Crônicas de Nárnia como "monumento de desprezo feminino", interpretando a passagem de Susana na seguinte forma: Susana, assim como uma "Cinderela", está prestes a sofrer uma mudança de fase de sua vida para outra. Não aprovo isso de Lewis. Ele não gosta de mulheres ou sexualidade em geral, pelo menos enquanto escrevia os livros. Lewis estava assustado e horrorizado com a ideia do crescimento.
Por sua vez, o editor do Fan-magazine ("Revista-fã") chamado Andrew Rilstone, opõe esta opinião, afirmando que 'os batons, náilons e convites' citados no livro, são retirados de seu contexto. Estes afirmam que em A Última Batalha, Susana está excluída da Nárnia porque ela não acredita mais nesse mundo. Ao final do livro, Susana ainda está viva e pode acabar juntando-se novamente a sua família. Além disso, Susana, já adulta e com maturidade sexual, é vista como algo positivo em O Cavalo e seu Menino. Portanto, 'os batons, náilons e convites' podem ser razões improváveis para a sua exclusão de Nárnia.
É interessante ressaltar que Lewis apoia em citar o papel positivo das mulheres na série, como Jill Pole em A Cadeira de Prata, Aravis Tarcaína em O Cavalo e seu Menino, Polly Plummer em O Sobrinho do Mago, Lúcia Pevensie e a própria Susana em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa.
Em um romance da série, especificamente em O Cavalo e seu Menino, há um local chamado Calormânia, no qual já foram planejados diversos ataques à Nárnia. Em outras palavras, é retratada como a cidade "vilã" de algumas histórias desta série. Os calormanos são retratados como pessoas de pele escura, com longas barbas e turbantes, que muitos traçam semelhanças com os árabes, apesar de que os costumes e a religião possuem mais semelhanças com o povo hindu. Muitos críticos consideram racismo na parte de Lewis, que sempre descreve o povo calormano como algo ruim. Sobre o alegado racismo em O Cavalo e seu Menino, a editora jornalística Kyrie O'Connor escreve:
É simplesmente terrível. Embora as histórias do livros contenha suas virtudes, você não precisa ser uma pessoa com conhecimentos vastos para encontrar essas afirmações anti-árabes, Anti-Leste ou Anti-Otomanas.
Há, porém, uma explicação mais natural. De facto, no Nosso Mundo, enquando mais meridionais sejam as terras (aquelas junto à linha do equador, e inclusive até ao fim do Continente Africano), mais escura será a pele das pessoas. Assim, Lewis teria seguido a mesma linha nos livros de Nárnia com a lógica existente no Nosso mundo:
A Arquelândia como os países do norte africano (Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito).
O Grande Deserto que separa Arquelândia de Calormânia, como o Deserto do Saara.
E a população de Calormânia, como os povos da África Subsariana (de pele mais escura).
Ao longo do tempo, Lewis recebeu críticas enviadas por alguns cristãos e organizações cristãs que entendem que As Crônicas de Nárnia possam ser uma "ferramenta ligada ao paganismo e ocultismo", por possuir temas considerados hereges, tais como a representação antropomórfica de Jesus Cristo como um leão, no caso de Aslam. Em cada história, Lewis empregou um significado bíblico, conhecido como "Paralelos Cristãos" ou "Temática Cristã", na qual a história faz referência a acontecimentos bíblicos, o que tem sido considerado paganismo por usar 'passagens bíblicas' em histórias ficcionais. Ao decorrer dos livros, podemos ver que Nárnia sempre esteve repleta de magia. A Bíblia nos diz o seguinte: Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominável ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás, como o SENHOR teu Deus." [Deuteronômio 18:9-13]
Esta polêmica agravou-se ainda mais por causa do emprego de criaturas mitológicas reunidas a estes paralelos cristãos, pois muitas Igrejas Cristãs, possivelmente todas, acreditam que histórias e seres mitológicos são heresias. Lewis alegou dizendo que através de contos ficcionais, com seres e criaturas mitológicas, os leitores (no caso, o público infanto-juvenil) aprenderiam um pouco mais sobre o Cristianismo imposto em As Crônicas de Nárnia.
Ao longo dos tempos, As Crônicas de Nárnia foram adaptadas diversas vezes para a televisão, rádio, teatros, e até mesmo para o cinema. Estas adaptações possuíram um grande desempenho, o que faz gerar cada vez mais adaptações na mídia. Com exceção das adaptações nas rádios e teatros, a série nunca foi adaptada inteiramente para a televisão ou cinema; ou seja, não são adaptados todos os sete livros da série. Geralmente, os "excluídos" são O Cavalo e seu Menino, O Sobrinho do Mago e A Última Batalha. Embora não sejam todos adaptados, As Crônicas de Nárnia possuem prêmios e diversas indicações.

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